Iscrevê erradu é o serto

Semana passada, o MEQUI (Ministério da Equitação) baixou portaria, abrindo a porteira pra receber manada de funcionários comissionados. O requisito para se conseguir a boquinha é que o funcionário fale do jeito que achar melhor e não seja preconceituoso como o safado do Monteiro Lobato, que criou um monte de bobagens (bonecos, espigas intelectuais, bruxa-jacaré) e chamou Tia Anastácia de “macaca”, porque subiu um poste feito uma macaca.

Agora liberou geral. A presidente Dilma Ignácio da Silva disse que será uma honra para o Brasil que todos os duzentos milhões de brasileiros passem a falar como o seu ex-presidente, e agora palestrante internacional.

É claro. Muito mais fácil do que resolver o que foi prometido – restabelecer uma educação de qualidade – é simplesmente permitir que cada um fale do seu jeito. Ou seria “geito”?

                                                                                         

Você é um inseto?

Espere. Não responda rápido. Pense com calma. Se você é funcionário público há uma chance muito grande de ter acordado pela manhã grunhindo, tentando subir pelas paredes, como o personagem Gregor Samsa, na obra Metamorfose, do escritor Franz Kafka. O problema é quando todos se transformam em inseto ao mesmo tempo: ninguém repara o fato, fica inconsciente. Depois de anos vivendo num ambiente inóspito e surreal - como é o caso das repartições públicas - o servidor acaba se adaptando. Pra conseguir isso, transforma-se em inseto. Seguindo a vida como um artrópode, ele é capaz de conviver com o absurdo, numa boa. A burocracia  tolhe sua cabeça; e a impessoalidade das leis causa-lhe frieza. Em suas artérias corre sangue de barata. Observe no fundo daqueles armários empoeirados. Veja quantos cupins e traças povoam as gavetas! Ratos, baratas - são apenas funcionários que sofreram mutação no ambiente do serviço público e nos respectivos setores passaram a habitar. Por isso, é preciso se saber ao certo: você é um inseto? Tem certeza disso?